A tempestade começou de repente. Ondas de mais de 30 metros envolviam o navio e o jogavam de um lado para outro, como se fosse de brinquedo. Rajadas de vento logo destruíram as velas.Eu era o médico de bordo e fiquei esperando o pior.

– Recifes a estibordo!

O grito desesperado do marinheiro que estava na gávea soou quase ao mesmo tempo que o barulho do choque do majestoso veleiro Antílope, no qual viajávamos, com as pedras. Foi uma confusão dos diabos. Tripulantes correndo em todas as direções, gente gritando, outros jogando-se no mar, cada um tentando salvar a própria pele.

Estava quase paralisado pelo medo, as mãos grudadas na amurada do convés, quando fui cuspido para fora do navio, que já se inclinava perigosamente. Senti meu corpo envolto na água gelada do mar e no momento em que dei por mim – confesso que não me lembro como consegui – estava num pequeno bote com outros cinco marinheiros, todos remando com fúria para nos afastarmos o máximo possível do Antílope, que começava a afundar. Sabíamos que, se ficássemos por perto, seríamos tragados pelo oceano por causa do redemoinho que sempre se forma em torno de uma embarcação quando está submergindo.

SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver. Tradução de Cláudia Lopes. São Paulo: Scipione, 1991. [Fragmento]

Glossário:

Recife: formação rochosa em áreas com pouca profundidade.

Estibordo: o lado direito do navio, para quem o vê da popa para a proa.

Gávea: plataforma a certa altura dos mastros de um navio.

Amurada: parte do casco que se prolonga acima do convés de um navio; serve de parapeito à tripulação.

Convés: pisos, pavimentos de uma embarcação.

Esse texto é uma narrativa que pode ser definida como de aventura, uma vez que

A
o contexto é uma época antiga.

B
a personagem principal é um médico.

C
os acontecimentos são expostos brevemente.

D
o enredo é permeado de acontecimentos surpreendentes.

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