GUIMA, SABE O QUE EU VI? Leo desceu para o saguão desejando que ninguém o chamasse. Precisava contar ao Guima o que vira no 222. O porteiro, na rua, parava um táxi para um casal de hóspedes estrangeiros. Ele era bastante considerado pela gerência porque falava um pouco diversos idiomas, até japonês.

Guima, assim que o viu, aproximou-se:

—Diga a dona Iolanda que domingo passo lá pra filar macarronada.

Leo estava agora mais assustado do que no momento em que vira os pés debaixo da cama.

—Guima, sabe o que eu vi?

O porteiro sentiu que o rapaz estava sob forte tensão e ficou muito preocupado. Para um bellboy não era interessante ver certas coisas. Aliás, o perfeito mensageiro não tem olhos nem ouvidos: apenas pernas e cortesia.

—Alguma mulher sem roupa?

—Não, acho que vi um cadáver.

—Em que programa de televisão?

—Não é brincadeira, Guima. Vi um cadáver debaixo duma cama. Sabe onde? No apartamento 222, o do Barão.

—Mas como viu esse cadáver?

Leo foi contando tudo a partir do chamado para comprar jornais quando pelo espelho do guarda-roupa embutido vira o tal homenzinho [...] que lavava as mãos. Embora sorrindo aos hóspedes que entravam e saíam, Guima prestava toda a atenção e ia se contagiando pela mesma ansiedade. Mas precisava fazer perguntas para eliminar a hipótese de ilusão.

—Acalme-se, Leo, respire fundo e depois me diga se viu mesmo uma pessoa debaixo da cama.

—Vi, juro.

—A mesma pessoa que já tinha visto?

—Não sei, só vi dois pés, desta vez.

Guima abriu os braços sem saber o que dizer e muito menos o que fazer.

—Se há um cadáver no 222, logo saberemos.

Esse texto é um trecho de um conto
a) de assombração.
b) de mistério.
c) moderno.
d) tradicional.

Alguém sabe​